Luta

O que é utopia?

A utopia é impossível? Para que serve a imaginação?

A utopia sacode o pó, sacode a sociedade cinza e faz recordar que existem outros jeitos de estar no mundo.

A utopia nasce de um olhar crítico sobre o presente e do desejo de criar outra coisa. Ela se recusa a aceitar a miséria, a desigualdade, a opressão.

Que outros jeitos de viver são possíveis? Que outros jeitos de viver existem?

Como outras sociedades, em outros tempos ou em outros lugares, organizam suas vidas?

A forma de viver que conhecemos não é nunca a única forma possível. A utopia interroga e pesquisa alternativas.

Ela está no horizonte: o desejo mais ousado, mais absoluto, a melhor imagem que a imaginação é capaz de criar. O ponto máximo aonde a imaginação é capaz de levar o desejo; ou aonde o desejo é capaz de fazer estender a imaginação. Essa imagem do desejo nasce aqui, no presente, e é lançada ao horizonte; e, do horizonte, rebate sobre o olhar, e altera a postura diante do presente.

Se imagino uma utopia sem dinheiro, é porque penso no dinheiro que existe, vou ao horizonte, sem dinheiro, e a partir deste horizonte, eu volto e procuro formas de viver e de construir uma sociedade sem dinheiro. Se vejo a desigualdade e imagino uma utopia de justiça, faço a mesma coisa: lanço ao horizonte, e com a luz que vem dele, construo isso aqui e agora.

A utopia é uma musa. Espelho mágico, onde olhamos para ver uma versão melhor de nós, que nos inspire a transformar. Não é um destino final para perseguir: é um horizonte em cuja direção caminhar.

Se a utopia é o horizonte, a experiência utópica é o passo que caminha em sua direção.

Práticas utópicas são aquelas em que a ação é direcionada por aquilo que se acredita ser o mais desejável. Coletivos, comunidades, redes, movimentos sociais que demonstram diversas maneiras de organizar-se sem hierarquia, trocar sem dinheiro, movimentar-se sem poluir, construir sem agredir. Experiências utópicas, enfim, transformam o sonho em fato.